Pêsames para a UOL
- Gabriela Guazzi
- 28 de ago. de 2015
- 3 min de leitura
Cosplay (do inglês “Costume Play” ou “Brincar de Fantasia” em tradução livre) é uma arte originada em 1939 durante a primeira WorldCon, levada para o Japão na década de 80 e depois trazida para o Brasil também em 1980. Consiste em pessoas que se fantasiam de personagens dos mais variados ramos, desde animes/mangás a filmes e games; e interpretam tais personagens em ensaios fotográficos ou apresentações em palco. Trata-se também de um hobby, muitos fazem as fantasias apenas para se divertirem e conhecerem pessoas novas, principalmente nos chamados grupos cosplay (ou apenas nos eventos de cultura pop).

Após muitos anos de luta contra o preconceito dentro de minha própria casa, fiz meu primeiro cosplay (do personagem Masaomi Kida, do anime Durarara!) esse final de semana para um evento em Campinas. Sempre fui bastante tímida e detesto tirar fotos, portanto estava com bastante receio e confesso que até um pouco nervosa diante da possibilidade de desconhecidos me parando para bater uns flashs da minha adorável pessoa.

Mas assim como muita gente faz aulas de teatro para melhorar nesses aspectos, fui logo pensando que, se eu me “forçasse” a fazer o cosplay – meu sonho de tantos anos -, com certeza começaria a me acostumar e perderia, aos poucos, essas minhas características meio introvertidas. Não poso dizer que foi exatamente isso que aconteceu; na verdade, não me pararam para fotos, porém conheci pessoas novas que reconheceram a minha fantasia [!] e ainda fiz amizade na fila para entrar no evento, já que tivemos esperar até que ele abrisse.


Sinceramente, não sou nenhuma especialista em comportamento humano, mas discordo (e muito) de absolutamente TUDO que foi tratado na reportagem escrita pelo site da UOL essa semana, alegando que os cosplayers possuem transtorno de personalidade por quererem se passar por outra pessoa ou, no caso, personagem. Não nego que talvez existam mesmo pessoas nesse âmbito que possuam problemas de personalidade, mas isso existe em qualquer âmbito, seja no universo cosplay, nos teatros, cinemas, entre músicos ou entre profissionais de qualquer outra área. Isso porque todos somos humanos, porém nem todos possuem a mente sã, o que não significa que todos os insanos estejam entre os cosplayers.

Fiquei bastante decepcionada quando vi como denegriram a imagem dos artistas naquela reportagem. Sim, cosplay é um hobby e uma arte, muitas pessoas passam horas planejando e elaborando as fantasias e/ou apresentações, há muita dedicação dos cosplayers por trás daquela simples “fantasia” que as psicólogas afirmam. A esmagadora maioria dos praticantes desta arte a faz apenas por diversão, alguns, inclusive, trabalham e ganham dinheiro com isso como se fosse uma profissão de modelo.
Não nego que, como muitos, também acredito que as falas possam ter sido manipuladas para que a matéria prosseguisse como o site pretendia. Também não nego que, como todos os cosplayers, mesmo sendo uma cosplayer de primeira viagem, me senti bastante chateada ao saber como a grande mídia tratou uma arte tão complexa e divertida quanto o cosplay.
Muito embora a UOL tenha excluído a matéria essa semana e publicado uma nota de esclarecimento, deixo aqui os meus pêsames a todos os outros que, assim como eu, estão muito tristes com o rumo que o jornalismo brasileiro tem tomado – não apenas na área de entretenimento, que fique bem claro.
Clique aqui para ver a matéria da UOL
Clique aqui para ver a nota de esclarecimento da UOL
Comments